Esta última semana ponderava
terminar minha conta no Facebook. De algum tempo para cá, os posts agressivos
tornaram-se cada vez mais frequentes e isso causa-me um tremendo mal-estar,
especialmente porque tenho como amigos em rede social pessoas que me são caras.
Entretanto, foi aniversário da
minha filha e vi as fotos da celebração. É verdade que se eu deletar a conta,
ela acaba por me mandar algumas fotos por whatsapp. Mas decidi que não é o
comportamento de outrem que há de determinar a forma como eu levo a minha vida.
Portanto, vou apenas excluir os que repassam posts e comentários que me
incomodam. Não deixo de amar ninguém e não deixo de ser amiga, mas não
concordo. Quero a minha página elegante. Quero a minha página da paz. Sou cristã.
Desde os 22 anos convertida após uma pregação do próprio Malafaia. Mas sempre
frequentei a igreja Batista porque meu temperamento é outro. E respeito toda
e qualquer religião. Até quem não tem nenhuma. E respeitar é saber que a pessoa
tem o direito de professar a sua fé, e não tem direito nenhum de ridicularizar a minha nem de me colocar no mesmo balaio de maçãs envenenadas. Se alguém me der doce de Cosme e Damião eu
vou comer – hoje não, porque preciso manter a dieta. Acredito que meu Deus é
maior do que essas bestices pequenas. Mas morrerei respeitando o meu irmão de fé que não toca num saquinho. Eu não disputo santidade com o meu irmão,
até porque sei que vou perder a disputa no primeiro round.
Eu tenho um montão de amigos homossexuais e outro montão heterossexuais. Tenho certeza de que todos eles são pecadores. Coincidência, eu também sou. Então, porque ficar com essa coisa desgastante de isso é gay, aquilo não é gay, vamos governar para os gays, orgulho hetero, orgulho gay?
Eu tenho um montão de amigos homossexuais e outro montão heterossexuais. Tenho certeza de que todos eles são pecadores. Coincidência, eu também sou. Então, porque ficar com essa coisa desgastante de isso é gay, aquilo não é gay, vamos governar para os gays, orgulho hetero, orgulho gay?
Eu passo a minha vida tirando
bocadinhos de sangue para saber se ele vai ou não prestar para os próximos 6
meses. E terei que fazer isso para o resto da minha vida, seja ela mais curta ou
mais comprida. Isso me incomoda, mas não tanto quanto ver meus amigos falando de
vinganças, propagando o fim do Cristianismo, apoiando intolerância religiosa,
isso sim, me consome. Isso é mais tóxico do que os 30 comprimidos por dia ou do
que o saquinho de líquido amarelo descendo pela veia.
É hora de desintoxicar.
Verónica Vidal
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