quarta-feira, 30 de junho de 2010

Toca a Minha Vuvuzela, Meu Filho!

Ai, ai, ui, ui! Euzinha, que não entendo nadica de nada de futebol, ando por aqui em pulgas com essa copa do mundo. Só para atualizar, escrevo isto numa quarta-feira, dois dias antes do bate bola com a Holanda. Já descobri que esperamos mesmo é fazer uma laranjada daquela equipe de homens nórdicos, louros, altos, fortes, de olhos azuis, ai, ai, ui, ui! Eu, cá por mim, espremia as laranjas deles todinhas, todinhas! Nunca fui tão natureba. Ando doida por um suquinho...

Pois é. Eu preciso confessar que só assisto as partidas à espera do fim dos jogos, ou melhor, da troca de camisas. Nesta África do Sul a coisa andou mesmo a desejar. Não sei se pelo frio ou se por timidez, os meninos já não estão mais trocando as camisas como antigamente. Kaká foi trocar com Cristiano Ronaldo nos recônditos obscuros do vestiário, lugar onde a câmera não mostra nada. SA-CA-NA-GEM!

Outro protesto: Cadê o David Beckham, aquela dilicinha? Ficou em casa porque andava machucadinho, foi? Vem cá que mamãe trata do seu dodói...

Ontem, fui consolar meu fã clube português, já que los hermanos cravaram uma bolada no goleiro Eduardo - que por sinal, é totosinho. E não é que depois de uns vinhozinhos o lusitano já nem mais lembrava da escalação da equipe, ó pá? Então, fomos lá, comemorar no melhor estilo Zulu de ser, com aquele vuvuzelão poderosérrimo a gritar na minha frente. E Portugal provou que bate sim, um bolão - aliás, duas - só estavam era jogando no campo errado.

E vamo que vamo Brasil!!!!

Penélope Charmosa - brasileiríssima em campo. Não conhece impedimentos e se bobear, até o juiz mete um gol!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Lucinha - uma história, uma vida

Lucinha era assim, não exatamente burra, não exatamente lenta, mas... era uma mulher, por assim dizer, fora do convencional. Foi aprendendo o ofício da costura com a mãe, lá no interior das Minas Gerais, até que um dia, partiu para trabalhar na cidade grande.

Em Belô, Lucinha se perdeu. Literalmente. Perdia-se nas ruas. Na volta para casa, admirava tudo que era prédio, admirava os moços bonitos. E daí, Lucinha se perdeu. No sentido figurado.. Mas nada era figurativo para o seu Zé, pai de Lucinha, que jurava ter a filha virgem e casta até aos dias de hoje, quando a moça, beirando os quarenta no RG mas sem nunca ter saído dos 32, já havia dado mais do que chuchu na serra.

Lucinha, perdida como era, perdeu-se de amores por um cearense bem dotado, corpo musculoso e um cadinho mais novo que ela. Conheceu o cearense através do carteiro, bom de papo, que lhe entregara correspondência errada. A moça, acreditando piamente no amor que dura para sempre, fez as malas e mudou-se para a casa do cearense que, não se sabe porque, passou a exigir muito mais da mesa e do banho do que da cama. A doce Lucinha que sonhava com uma vida de sexo selvagem diário - mas dentro dos bons costumes - viu-se a lavar, passar e cozinhar as comidas nordestinas preferidas do seu amado cearense. Um mês foi o suficiente para nossa querida heroína pedir penico. Com as unhas quebradas de tanto descascar macaxeira, volta para Belô. Seu Zé já não mais acreditaria na virgindade dela, depois de ter ido viver em concubinato libidinoso com um homem mas, pai é pai e acaba por aceitá-la de volta à família, ajuda a filha a pagar o aluguel de uma casinha nos subúrbios de Belzonte e a vida assim corre tranquila para a ex-donzela.

Até que...

Aparece um exemplar de homem alagoano na loja onde Lucinha trabalha. Homem forte, músculos saltitantes, pele trigueira e um cadinho mais novo que Lucinha. Ela sente o despertar de algumas coisas, o umedecer de outras tantas, sacode o cabelo para um lado e para o outro e vai atendender o alagoano, já fazendo planos de casamento no primeiro olá. Rola uma simpatia, o alagoano fareja uma chance de fornicação e, sem mais delongas, se enrolam nos fundos da loja, lá no cantinho do café e das vassouras mesmo. Lúcia Maria já praticamente distribuía os convites do casamento, imaginando-se vestida de noiva, com a ninhada de filhos que planejava, todos à volta dos pais, num domingo à tarde, a assistir o Faustão e a chupar picolé. Fez dieta, gastou o salário numa escova japonesa. Tudo para ele. Este sim, era homem de compromisso. Muito diferente do cearense. Afinal, este era alagoano! Outra coisa! Falava alto, em frente ao espelho, seu nome completo seguido do sobrenome do alagoano, para testar o som de seu futuro nome de casada. Fazia um gesto de aprovação. "Sim, ficou muito bom."

Até que...

Ritinha era a mocinha que trabalhava na lanchonete ao lado da loja de Lucinha. O alagoano tava comendo. Sim, comendo a Ritinha.

Lúcia Maria queria ir no salão pedir o dinheiro da escova japonesa de volta, mas o viado não concordou, dizia que não tinha nada a ver com o pato. As pessoas são mesmo muito incompreensivas hoje em dia.

Verónica Vidal - Lucinhas existem, de verdade. São a vergonha da classe feminina. Se você é uma Lucinha, não leia isso.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Impróprio para menores

A estação quente aportou agora por aqui e isso deixa mamãezinha acesa feito pirilampo. Cada mato deserto e escuro que passo daria um bom lugar para um fudenique. Por algum motivo que eu não sei qual é, imagina-se que sexo ao ar livre seja coisa de adolescente ou pós-adolescente sem dinheiro para pagar um motel. Ou coisa de tarado que queira publicitar sua libido nos youtube da vida. Nada disso, crianças.

Imaginem vocês que, numa clara noite de luar do verão passado, estava euzinha com meu garanhão a circular pelos pinhais à procura de um bom e ermo lugar onde pudéssemos dar vazão ao nosso furor selvático, já prevenidíssima com o meu kit-fudenic - entenda: uma manta para forrar o chão, evitando assim as indesejáveis formigas na bunda, um vinho tinto do bom, pra ajudar a entrar no clima, uns queijinhos e uns moranguinhos, para dar um tchan à coisa - quando damos de frente com um carro conhecido. Ok, mudamos de direção e seguimos por outros atalhos, picadas, caminhos. Encontramos uma clareira que era a cara dos escritos do Monteiro Lobato: sempre há uma clareira nas picadas por onde Pedrinho anda. Pois bem, concordamos que a tal clareira era ideal para nossas práticas libidinosas quando, já de kit na mão, e calcinhas no joelho, percebemos que não éramos os únicos. Mais alguém brincava de "A Cuca vai Pegar" naquela floresta.

Fala sério! Eu moro numa aldeia! Eu deveria ser a única representante da sem-vergonhice local. Sou brasileira, vendida em cartões postais de fio dental e filmes pornôs sem fio nenhum. Venho do país onde tudo pode, pensam os desavisados, que nunca pisaram o pé europeu em solo tupiniquim mas de tudo sabem, de tudo entendem. E eu ainda tenho que disputar espaço com os defensores da boa imagem e da família?

Não adiantaria nada gritar e espernear. Mudamos de clareira. Não foi a mesma coisa, mas eu não voltaria com meu kit intacto para casa, nem a cacete. Sou brasileira, não desisto nunca!

Verónica Vidal (com ajuda de Penélope Charmosa, é claro, porque eu não escrevo estas coisas de sacanagem, não)