quinta-feira, 16 de junho de 2011

Viajando com Estrelas

E a minha tia menina apareceu por aqui com ares de Alice, como quem corria atrás do coelho. Embrenhou-se por jardins e castelos, veio viver aventuras tão sonhadas que pensava mesmo que ia ficar só no sonho. Mas acontece que a gente lê Monteiro Lobato e descobre que a Narizinho realmente foi ao Reino das Águas Claras. Quando pequenos, temos a certeza de que Pedrinho viveu todas as aventuras descritas. Mas é que a gente cresce e simplesmente esquece que as aventuras acontecem também conosco. E assim foi. Minha tia menina colocou seu saquinho de purpurina e estrelinhas na bagagem e veio atrás do coelho. Trouxe a Raquel, desenhadora de mil desenhos, para o caso emergencial de um olho de gato que se pudesse fazer necessário ou simplesmente para brincar de bonequinha de papel com ela, caso os dias se fizessem monótonos e os carnavais por estas bandas não fossem tão coloridos.

E foi assim, com um pó de pirlimpimpim, que ela viajou pelo mundo e pelo tempo, recebeu coroa de flores para celebrar a festa de outras épocas e garantir que a sorte não saísse de sua cabeça - como se possível fora! O que não sabia, aquele pobre aldeão medieval, é que ela já havia nascido predestinada à sorte e que as muralhas dos castelos não serviriam para protegê-la e muito menos para prendê-la.Como Polegarzinha da família, ela viaja na casca da noz e deixa-nos a nós boquiabertos com seus feitos. Sem espada em punho mas de coração desembainhado, luta sem trégua até à vitória certa. E assim constrói a sua própria sorte e ornamenta com flores perfumadas a sua cabeça e com a indelével tinta da doçura vai desenhando sua história nos nossos corações.

Eu, que muitas vezes segui seus passos, percebi que era ela quem seguia os meus até olhar mais de perto e notar que, neste caleidoscópio que é a vida, ela nem seguia nem guiava, mas trilhava por estradas já desbravadas e por outras tantas picadas ainda por abrir. 

Do jeitinho que chegou se foi, dizendo um até logo como se fosse dobrar a esquina. Levou com ela sua amiga artista das artes, fazendo-me então ainda mais órfã dos risos, das alegrias e das músicas que por estas bandas não passam. E lá se foram as duas, encher de colorido e estrelinhas o Velho Mundo. Tenho certeza de que, depois delas, ele ficará um bocadinho mais novo.

Verónica Vidal 

À Licinha - que estranhamente já nasceu tia e que mais estranhamente ainda continuou menina - e à Marise, que nos proporcionaram momentos mágicos no curtinho período que estiveram conosco. Amo muito tudo isso - e ainda fiquei com a paçoca diet!

2 comentários:

  1. "...ela nem seguia nem guiava, mas trilhava por estradas já desbravadas e por outras tantas picadas ainda por abrir."
    Amei!
    Verônica você escreve lindo! Seu texto se parece com uma delicada renda.
    Um beijo
    Dinorah

    ResponderExcluir
  2. Ai, Dinorah, que bonito! Obrigada... uma delicada renda... lindo!

    Um beijo!

    ResponderExcluir

Vá, coragem, diga alguma coisa, comente, não dói nadinha... Beijos!