sexta-feira, 12 de março de 2010

Uma voltinha de Velotrol

Minha filha me liga e grita: "Mãe, peguei a carteira!!!" Respondi com a resposta previsível, as felicitações esperadas e fiquei sinceramente feliz por ela. Passado o enlevo da sua exclamação, meu estômago resolveu dar sinal de vida e avisou, com aquele friozinho que lhe é peculiar, de que eu estava com medo. Com medo de que? Pensei. Medo dela sofrer um acidente de trânsito? Não, porque isso poderia acontecer sendo ela ou outra pessoa a conduzir. Medo de...e pensei ainda um pouco mais, não querendo mesmo aceitar o motivo, a razão do meu medo. Tive - e tenho - medo porque ela cresceu, porque eu envelheci, porque ainda tenho a foto dela, de fraldas, a andar de velotrol pela sala de casa. O velotrol, com suas enormes rodas vermelhas, ficou para trás. Hoje, ela conduz um carro, vai para o bloco de carnaval com uma latinha de cerveja na mão e eu nem estou lá. Quando foi que a cerveja substitui o guaraná? Quando foi que ela começou a atravessar a rua sem precisar me dar a mão? Quando foi que o jazz no ginásio da escola virou samba no bloco de carnaval? Eu me perdi no tempo, perdi capítulos inteiros das vidas das minhas filhas. E percebo que a novela da vida não para, à espera de que nos habituemos às suas mudanças, à entrada de novos personagens, ao delinear de novos rumos.


8 comentários:

  1. Ai amiga, arrasou !!! é difícil demais e tão rápido... Bjussss, te amo...

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  2. É a mais pura verdade, Mônica. Passa tão rápido! E não damos conta. Beijos, minha linda!

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  3. eu lembro do meu velotrol vermelho! pena q dirigir um carro não é tão fácil quanto dirigir um velotrol! hihihihi

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  4. É, Lívia, o velotrol você também achava difícil no começo. Não conseguia empurrar o pezinho para fazer a roda girar. E andava com o pé no chão... Depois, era a campeã de velotrol!

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  5. Como td q vc escreve...é lindo!
    Me fez derramar lágrimas,sabendo q um dia irei passar por isso,se ñ for com dois,com certeza será com uma...Nós é q tinhamos q correr e, os filhos caminhar...
    Ñ é ser egoista.Quero ter meus filhos sempre em meus braços!
    Um grd bj no coração

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  6. Eu me lembro do meu velotrol de tartaruga, e daqui a pouco sou eu que vou ligar e dizer: - maaaae, peguei a carteira :D

    Te amo minha escritora.

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  7. É, Monique, queremos sim, os filhos à nossa volta, no ninho. Dói quando eles batem asas, apesar de os criarmos para isso. Concordo plenamente contigo: Nós deveríamos correr, e os filhos caminhar. Beijos, linda menina de olhos verdes.

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  8. Thaíssa, a sua Tata-Uga também será substituída, assim como os seus cachinhos dourados passaram pela fase roxa e agora se recuperam lindos e naturais. Engraçado que lembro pouco das bicicletas, mas muito bem dos velocípedes. Parece que vocês saíram da primeira infância direto para a fase adulta. E eu dormi e passei do ponto... Beijos!!!

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Vá, coragem, diga alguma coisa, comente, não dói nadinha... Beijos!