
Hoje vi uma mulher completamente desprovida de adornos. Cabelos curtos, fios brancos que reinavam gloriosos, salvos de qualquer tintura. No rosto, zero de maquiagem. Não se pode dizer que era propriamente bonita ou feia. Enquanto falava comigo digitava qualquer coisa num teclado. Lindas mãos. Vez por outra, sorria. Belo sorriso. Já havia conversado com esta mesma mulher umas poucas vezes mas, é curioso como, dependendo do nosso estado de espírito, somos capazes de observar coisas que antes nos passavam imperceptíveis. O que a mulher nem bonita e nem feia tinha, de verdade, era uma beleza sincera. Por uns poucos segundos senti-me estranha, falsa, com minhas unhas envernizadas e o meu rosto escondido debaixo de um reboco de bases e pós e blushes e batons. Queria dizer que eu também tinha cabelos brancos mas que eu os falseava com umas mentirosas madeixas louras. Mas não, não disse nadinha, já que a minha palavra falada não é tão boa quanto a escrita e a moça não ia entender patavina do que eu estava para ali a dizer.
A padronização do corpo feminino escraviza-nos cada vez mais, especialmente as mais jovens, é bem verdade. São cabelos que obrigatoriamente têm que ser lisos, barrigas necessariamente chapadas, peitos e bundas XXL, equilibrados em cinturas S, numa crescente mercantilização da mulher. Quem estiver fora do padrão, está fadada ao insucesso. Mas insucesso de que? Em recente reportagem li que um norte americano mantinha um "relacionamento sério" há 13 anos com duas bonecas ultrarealistas. Ora, na era dos tudo-de-silicone e dos cursos express, que geram diplomas e pouca reflexão, em épocas em que substitui-se facilmente uma leitura pela TV ou videogame, casar com uma boneca não é tão surreal assim.
Não, talvez eu ainda não assuma meus cabelos brancos, ou dispense o batom. Muito provavelmente não deixarei de ter as unhas arranjadas. Uma inocente ida ao cabelereiro não corrompe ninguém. Mas sempre que vir uma mulher em sua beleza natural, sentirei que não estamos vendidas. E viva Frida Kahlo!!!
Verónica Vidal - às lindas mulheres cuja beleza são necessárias 4 consultas para que se perceba.
Penso que, a vaidade dentro de certos limites é saudável.
ResponderExcluirDe qualquer maneira,, acho que as pessoas no geral, mesmo fora do contexto do que seja ridiculo ou nao, devem sentir-se bem consigo mesmo. Eu amo passar baton e rímel! me sinto bonita com eles!
Acredito que a vaidade da mulher que vem de longas datas, RESSALTA a beleza interna.
E para aquelas que ainda näo encontram a sua beleza externa, só resta cultuar a externa, montando assim todos os artificios, para RESSALTAR o que falta na sua alma.
Sejamos felizes! Achadas ou Perdidas!
Sim, a vaidade é inerente à mulher. Pelo menos à maioria. O que é pernicioso é a imposição de determinado padrão de beleza, inatingível, que faz com que muitas mulheres, consideradas fora desses tais padrões, sofram e busquem a todo custo, "entrar na forma". Eu também me empeteco toda. Mas não quero ser obrigada a isso. Pela liberdade de escolha e sim, pelo que tão sabiamente disseste, para ressaltar a beleza, não para alterá-la, levanto a minha bandeira. Beijo, gata!!!
ExcluirVê, como é difícil nos assumirmos!!!! A gente sempre acha que algo precisa ser mudado, É o peso que nunca é ideal. O cabelo que teima em ter vida própria, Ah, sem falar nos dias que acordamos de mal com o espelho e definitivamente não aceitamos o que estamos. O jeito é não encarar muito esse vilão e aguardar os dias que tudo parece estar em sintonia e até a cara lavada e uns fios brancos escondidos nos fazem diferentes e, até, especiais, Bjokas
ResponderExcluirÉ verdade, Tê. Acho que é por isso que admiro cada vez mais as mulheres-cara-lavada que muito raramente aparecem pelos nossos caminhos. Acho que vêm na contramão da imposição do silicone e da bomba. Às vezes, queria ser assim. Não sou. Faço parte do grupo do batom e das dietas ocasionais. Mas espero nunca me render aos excessos. Beijoquitas!
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