terça-feira, 13 de setembro de 2011

Verônica e Seus Amores Confessos


Apaixonei-me aos seis anos de idade por um rapaz chamado Jorge Manuel, recém chegado de Moçambique, que tinha ido estudar da minha classe, lá na Escola Municpal Pedro Lessa. Dos meus amores de criança, essa foi a mais duradoura paixão. Durou quase dois anos, não sei como nem por que acabou, mas provavelmente devido à distância forçada pelas férias escolares. Sabe, o que os olhos não vêem, o coração não sente, e assim, apaixonei-me por outro e outro e outro.

Lá pela quinta série, contava eu meus onze anos, curti várias secretas paixões. Uma menina de onze anos não se declara nem confessa suas paixões, isso é regra. Apenas as melhores amigas sabem, e juram segredo até à morte. Ou até brigarem, e a confidência muitas vezes é utilizada como forma de vingança entre elas. Escrevemos nos cadernos de perguntas as respostas mais vagas possíveis - Um pequeno parêntese para os menores de 40 anos, que não têm a menor idéia do que é um caderno de perguntas:
  • Em cada folha, a dona do caderno escreve uma pergunta, entrega às amigas e elas respondem (às vezes é extensivo a meninos)
  • Exemplo de perguntas: Qual é o seu nome? , Qual é o nome do(a) garoto(a) que você gosta? ...
E assim, eu me apaixonei pelo Anérito. Confessei isso há uns anos atrás, num encontro de ex-colegas de turma. Ele se esqueceu e eu confessei de novo num e-mail esta semana. Eu estava então no ginásio, em escola nova e, com tanta carne nova no pedaço, era natural que as paixões durassem menos tempo, afinal, a oferta era maior. Pouco tempo depois, descobri os rapazes da oitava série. Não tenho espaço suficiente aqui para contar, mas devo ter me apaixonado por uns 5 ou 6. Saí da escola na sétima série, amando o Domingos, que amava a Emília, que não amava ninguém.

Na oitava série, fui estudar no colégio Martins, em Vila Isabel. Segui o clichê de me apaixonar por professores. Sendo mulher de paixões que sou, apaixonei-me logo por três, num só ano: Pelo de Matemática, porque era o mais jovem, pelo de Educação Física, por motivos óbvios e pelo de Geometria, que devia ter mais de 40, uma barriguinha, uma barba, mas era muito simpático e eu adorava suas aulas. 

Cheguei ao primeiro ano do segundo grau na ENCE, ainda vacilando entre as platônicas paixões por docentes - impossível não ser apaixonada pelo Profº Sena - e os reais amores de adolescência. Wagner foi meu primeiro real amor de adolescência. Uma mistura de amigo e vontade-de-não-ir-embora. Eu tinha então uns 15 anos e teria sim, confessado o amor na época, mas acho que tinha medo de perder o amigo, ou, não sei, talvez não tivesse ainda desgarrado a meninice.

As coisas de menina foram ficando para trás e foram dando lugar a flertes, paqueras, conquistas, namoros, casamentos, divórcios, até à tranquilidade conquistada pela maturidade. Mas ainda tenho saudades de fazer corações com flechas atravessadas. Não posso fazer o tempo voltar, mas posso confessar as minhas paixões. Se você é homem e me conheceu, provavelmente eu fui apaixonada por você em alguma época da minha vida. I loved you.

Verónica Vidal - mulher de paixões

11 comentários:

  1. KKKKK Corajosa!! Quem não se apaixonou "trocentas" vezes pelos coleguinhas da escola, pelo Prof. de Matemática? Só você, Veônqui...sacar lá do fundo do baú "o caderno de perguntas".
    Espirituosa, inteligente e verdadeira, como sempre!
    Tenho que ser repetitiva...sou sua fã!

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  2. Ah , eu tinha inúmeras paixôes também . Mas não posso revelar pois ainda tenho contato com eles, kkkkkkkkkk.

    Thaíssa Vidal

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  3. Ai, tia Gi, é fácil ser corajosa quando a gente vai dos 6 aos 14 anos. Pena que o espaço é pouco, mas ainda tinha, nesta época, o tio Cica e o Beto. Beijos, tia! Muitos!

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  4. Thaissa, meu bebê. Eu levei vinte e tantos anos para revelar as minhas, portanto, não se preocupe, pode esperar que tens tempo. E eu tenho contato com alguns dos meus ex-amores de criança. Duas coisas são fato: Eu adoro ser menina! Adoro ter tido meninas! Meninas são muito mais legais. Mário leu e disse que dos 6 aos 14 anos só pensava em caçar grilos e matar passarinhos. Aff!

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  5. acho q vou precisar de mt mais espaço pra revelar minhas paixões, mas o que importa é a atual paixão. A atual é sempre a mais importante, a melhor e a eterna.
    bjs camila vidal

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  6. KKKKKKKKKK, eu gostava de pegar minhoca e aquele bichinho que enrola quando a gente pega nele ( gongolo ) na terra . KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Thaíssa Vidal

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  7. Oi, Camilinha, meu bebê! Sem dúvida a atual paixão é a mais importante, mas essa não vale, pois falamos de amores de infância e estes ficam numa caixinha separada, num mundo à parte. É nessa época que nossos amores se misturam aos da Barbie e nossos Kens serão sempre os nossos amados, ainda que eles troquem de nome a cada semana. Beijos minha princesa, Bela Adormecida!

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  8. Veronica querida!
    Que bacana tuas confissões - Ah! as paixões da juventude! Sabe de uma coisa - acho que eu, e você também, deveríamos viver até os 100 anos para poder confessar os amores da maturidade - mas daí, acho que deve ser naqueles blogues de acesso restrito ha ha ha.
    Um beijo linda, adoro te ler.
    dinorah

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  9. Concordo, Dinorah!!! Mas eu só ia escrever quando fizesse 99 anos, porque até então eu nego. Nego tudo. Tive 3 filhas, estou no 3º - e espero que último - casamento, e sou praticamente virgem. É só isso que eu confesso hoje... hahahaha (risada malévola). Beijos!

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  10. Gente que coisa mais linda e fofa, eu sou o Anérito e me pergunto para onde estava olhando que nao percebi essa paixão, mesmo que nao fosse duradoura, mais certamente seria inesquecível, jamais cometerei este erro novamente, jamais esquecerei de suas memórias, de suq coragem, e desta mulher incrível que se transformou, afinal que tem a oportunidade de poder participar de um momento deste? Só os afortunados, somos assim, afortunados, por mesmo distantes um do outro manter esta amizade e agora compartilhar desta linda mensagem de amor e paixão! Um grande beijo Vê, bem no meio do seu coração! Bem no meio da seta!
    Anerito Massine

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    1. Ah, Anérito! Não é mágico nos reencontramos depois de tantos anos? E tens toda a razão, foste uma paixão inesquecível. As paixões infantis, tão inocentes, ficam na memória pela beleza. Um beijo grande para ti, meu querido!

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Vá, coragem, diga alguma coisa, comente, não dói nadinha... Beijos!