Quando engravidei da minha primeira filha, eu ainda vivia num mundo de faz de conta. Não fui dessas mães que muito corretamente planejam o futuro dos seus filhos e fazem poupanças e preparam quartinhos com antecedência. Cor de rosa e com Pôneis para meninas. Azul para meninos, com arco-íris e o Pequeno Príncipe estampado na parede. Eu bem queria que tivesse sido assim, mas não funcionou desse jeito e aos 17 anos eu tinha minha filha nos braços. O que me valeu é que ela era mesmo linda, doce e com uma personalidade que combinava perfeitamente com o nome que escolhemos: Lívia. Era calma, plácida, tranquila. Lívia é a líder da minha trupe de meninas. Venho de uma linhagem altamente feminina. Na minha casa, somos 3 irmãs. Nada mais lógico que Deus me concedesse a mim, uma inexperiente mãe adolescente, uma menina. Eu gerei 3 meninas. Minha irmã gerou 2 meninas. E por enquanto cá estamos, uma família de mulheres.
Lívia cresceu entre babados cor-de-rosa e amando coisas de menina. Amou seu bonequinho Feijãozinho, a quem chamava de "filo", e que um dia foi sequestrado da varanda. Sofreu horrores pelo seu "filo". Dançou jazz na escola, cantou em grupo musical na igreja. Apaixonou-se perdidamente, mas não se perdia muito, pois nasceu para ser a bailarina da caixinha de música. Encanta a todos, com doce música e graça, mas precisa da segurança da caixinha e conhece bem os limites até onde pode dançar. Mas é mulher, e sabe o que quer. Não ouse oferecer a ela menos do que ela espera, ou quem ficará esperando será você. Sempre.
Para a minha filha Lívia, que é o resumo da graça feminina, sem contudo, perder a força.
Verónica Vidal