sexta-feira, 28 de junho de 2024

Cuidado com as mulheres que leem

 

 

Foi neste ajuntamento de maravilhosas mulheres que eu encontrei meu ninho. Uma mistura de gostos e opiniões, de sentimentos e desejos. Com uma linha de amor que nos cose a todas numa única colcha de retalhos: Os livros. Não apenas a literatura em si, mas também os livros, suas capas, suas traduções, seus cheiros, seus apontamentos. Ainda que as opiniões sejam divergentes, o respeito e o carinho ali existente é quase palpável. Há quem prefira o livro físico, há quem defenda os leitores eletrónicos. Há quem dobre a página, sublinhe e escreva notas, há quem venere o livro como objeto sagrado, que o leia com o cuidado de um livro raro. E estamos todas bem.

Eu cheguei no clube há menos de um ano, com um curriculum de livros clássicos. Buscava conhecer gente que me tirasse da mesmice literária. Sou uma leitora preguiçosa. Voraz, mas preguiçosa. Sempre busquei os títulos clássicos e os autores já consagrados pela crítica por pura preguiça de tentar o novo. Meu único pensamento era: Já me dececiono tanto na vida, não gosto de me dececionar com um livro.

Sob a influência do clube, amadureci.  Minha estante, repleta de Murakami, Valter Hugo Mãe, Helena Ferrante, Margareth Atwood, Saramago, Kafka, Gabo, enfim, começou a dar espaço para as leituras mais leves, para Freida, Coleen Hoover e coisas do gênero. Deixei de chorar horrores quando um livro terminava, porque sabia que podia ler um levinho em seguida que ficaria consolada. 

Descobri os autores portugueses menos conhecidos. Descobri as autoras portuguesas e encantei-me com suas obras. Perdi o medo de ler o novo. Encontramo-nos uma vez por mês e a este último encontro eu estava em viagem. Faltei. Tive pena, muita pena. Mas vi os relatos e as fotos das mulheres felizes que se encontraram para falar das suas leituras, para estreitar seus laços de amizade e senti um orgulho enorme. Por ser mulher, por ler, por fazer parte de algo que cheira a amor, a respeito, a maturidade. 

Verónica Vidal - Obrigada, Sandra Matias, pela iniciativa de fundar o Clube de Leitura da Figueira da Foz.  Meus títulos preferidos ainda são "Cem Anos de Solidão" e "A Turma da Mônica", mas tenho tentado ser cada vez mais eclética, juro.





segunda-feira, 4 de março de 2024

Porque tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei o meu amor

Querido Pedro,

Quando o dia amanheceu hoje, nesta terra de marços frios e húmidos, o sol brilhava em meio ao nevoeiro. Eu acordei sentindo-me especial num dia muito especial. Já desde ontem sentia a ansiedade a bater no peito porque hoje completarias 1 aninho. E neste teu primeiro ano de vida tanto se passou, tanto aconteceu! Aprendeste a sentar, começaste a comer frutas e legumes, e carnes e peixes, e pães e bolos. Nasceram-te dentinhos e gatinhaste por toda a casa. Tens muitas horas de choro e mais horas ainda de risadinhas fofas que encantam a toda a gente. E durante todo este ano, vi-te crescer à distância, por relatos, por fotos, por vídeos e vídeo-chamadas. Estive contigo nos teus primeiros dias de vida e agradeço a Deus por aqueles dias preciosos. Doeu-me tantas vezes não estar aí contigo em vários momentos únicos. Mas sabe de uma coisa, Pedro? Aprendi que 'longe é um lugar que não existe' e que o amor transcende fronteiras e ultrapassa distâncias.

Eu amo-te só porque sim, amo-te porque sou tua avó Tua avó que mora longe e, se longe é um lugar que não existe, sou a tua avó que mora aí, junto de ti. Sou a tua avó que ora por ti todos os dias, pedindo a Deus que te proteja e te dê saúde e alegrias. Descobri em ti um amor gigante, diferente, profundo. Um amor de perpetuação, uma certeza do sempre. És o meu sempre, Pedrinho.

Para ti, desejo uma vida inteira de felicidade, de amor, de sabedoria e graça. Que do teu coração brote a bondade, que é o escudo para tudo o que há de ruim no mundo. Partilhe amor. Porque amor é dessas coisas que crescem muito quando são partilhadas. E eu amo-te até ao sempre.

Feliz aniversário, meu netinho lindo!

Vovó Verónica